Os brasileiros ainda mantêm gravado em seu consciente a velha expressão: “Tenho que levar vantagem em tudo, certo?”, que maculou a imagem de um de nossos heróis de 1970, quando o Brasil tornou-se tricampeão mundial de futebol.

Quando observamos um acidente em uma de nossas rodovias, sempre nos deparamos com muitos motoristas “espertinhos”, que insistem em trafegar pelo acostamento, tentando assim levar vantagem sobre os motoristas que estão pacientemente aguardando em sua respectiva faixa de trânsito.

Ocorre que em todos os casos atrapalham e, fatalmente, obstruem a passagem de veículos que necessitam do acostamento para socorrer as vitimas, tais como carros policiais, ambulâncias, bombeiros, etc.

Onde está a responsabilidade  destes motoristas? Quantas vidas colocam em risco por esta esperteza? Será que não pensam na angústia das vítimas, na perda de vidas de semelhantes que por segundos de atraso na chegada de socorro poderiam ter sobrevivido?

No caso de pararmos alguns minutos em local proibido, porque a vaga da farmácia estava ocupada, somos multados.

No caso de ultrapassarmos um sinal vermelho, porque atrás vinha um veículo de polícia com a sirene ligada, acabamos sendo multados.

No caso de estarmos socorrendo alguém, indo a um hospital ou outro local de atendimento, e ultrapassarmos os limites de velocidade, somos multados.

Até quando poderemos continuar a aceitar que “espertinhos” , que se escondem atrás da famosa lei de Gerson, possam continuar a colocar a vida de outros seres humanos em risco, somente para provar que são mais espertos do que os outros.

Infelizmente notamos que, em grande parte destes veículos, existem crianças a bordo, que um dia seguirão os passos de seus pais, tios ou avós que se encontram ao volante, afinal de contas nós somos o exemplo para nossos filhos, sobrinhos e netos.

Até onde irá a impunidade nestes casos, quando colocam  a esperteza acima da segurança, respeito e amor ao próximo?

Será que um dia poderemos afirmar que somos um povo educado, culto e instruído, ou será que estas palavras já foram banidas de nossas vidas? 

Por: Silvio Luiz Port - silvio@portcons.com.br
Data de publicação: 08/11/06.